A ultima ida à capital foi para assistir a um concerto no Pavilhão Atlântico, mas como chegámos um pouco cedo consegui convencer a minha mulher para eu tirar umas fotos neste magnifico local, esta zona da cidade mostra o Portugal que não temos, mas gostaríamos de ter. O investimento que é feito em Lisboa e arredores é desigual em relação ao resto do pais, desta forma como é que invertemos a desertificação do interior.
Mais um ciclo, mais um inverno que aí chega, mas a chuva nem vela, está complicado para os animais, para os cultivos e para o abastecimento de água, mas parece que ninguém se preocupa, porque quase toda gente deseja o dito bom tempo, como se pudéssemos ter um ano inteiro verão para se poderem bronzear, enfim o tempo irá mais uma vez provar que vamos pagar caro a falta de água.
Estes bem diferentes dos que carreguei na minha adolescencia, eram rectangulares e mais pequenos, ganhava-se bom dinheiro, assim que acabava a escola fazia-se uma semana na palha e as férias em Monte Gordo eram garantidas, tempos duros, agora é tudo mais fácil. "Será que é melhor?"
O vento que leva as nuvens para outras paragens já não faz mover as pás do moinho, temos muitos na nossa região, grande parte abandonados, degradados e alguns a servir de galinheiro, penso que é triste este fim o dos moinhos, tiveram uma grande utilidade nos tempos já passados, mereciam um aproveitamento turístico e educativo. É assim que os responsáveis por o nosso património tratam o nosso passado, cabe-nos a todos denunciar estas situações.
Gosto do cante, foi-me incutido por os mais velhos, à porta da taberna ouvia o meu pai a cantar, até que um dia ele me chamou, pegou em mim e pôs-me em cima do balcão com cheiro a vinho, senti-me estranho com todos aqueles homens de voz grossa a olharem para mim, mas assim que começou a moda de seguida a acompanhei, levantei a voz e sem receio sozinho cantei um verso. Os homens que me olhavam com autoridade depressa deram os parabéns ao meu pai dizendo que quem sai aos seus não degenera.
Barros de Beja, solo fértil para a produção de cereais, é por esta altura do ano que as terras são charruadas para de seguida semeadas. As cores fortes que nos são oferecidas cativam o olhar, a imensa planície em redor da cidade, faz-me pensar tão grande e belo é o Alentejo.
Duas eram as árvores que estavam sozinhas, muitos dizem que é solidão, mas nós Alentejanos achamos apenas que é uma uma forma de viver, todos precisamos de momentos a sós para por os pensamentos em dia.
Sempre visto pelos homens como um cante menor, o cante no feminino foi ganhando o seu espaço no Alentejo, hoje em dia existindo já muitos grupos consagrados.